PALAVRAS SOLTAS – A despedida


A Despedida
Quando Patrick se aproximou da amurada do navio cruzeiro este já havia largado as amarras há algum tempo e seguia pachorrentamente, ao ritmo do rebocador, em direção ao mar. Ao fundo via-se a cidade de Lisboa em dois planos, com relevos distintos. No primeiro, estava a margem do rio onde as ondas esbarravam, tornando finito o seu movimento. Sobre a margem, uma barragem imponente de edifícios obstruía uma parte da vista de Lisboa, salientando-se de entre estes, pelo contraste criado, a mancha avermelhada, salpicada de linhas brancas, do Museu da Eletricidade, ladeada pela do Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia, de tom claro. Ao fundo, num plano mais elevado, podia observar-se o velho casario de alguns bairros de Lisboa, tão típico com os seus telhados vermelhos, mesclado por alguns edifícios novos e encimado, à esquerda, pelos edifícios esguios que constituíam as Torres do Restelo, ao centro, pelo Palacete da Ajuda, de ar nobre e imponente e à direita, pelo Hospital da Cruz Vermelha, bordejado por uma mancha verde de arvoredo. Aqui e ali sobressaiam antenas da rádio e da televisão, que pela sua configuração pareciam elementos estranhos à paisagem. A simultaneidade da visão deste quadro com a partida conferiram ao momento uma nostalgia própria das despedidas de algo muito querido. Assim foi o adeus a Lisboa.

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