Zero (último capítulo)

Vinte e sete. O Sol conduz-nos pelas ruas Ao dobrarmos a esquina da 17 com a Dom Carlos, Paulinaperdeu-se-me do braço por um momento. Ao passar a mão pelo cabelo,os dedos roçaramao de leve a testa e um calafrio  arrefeceu-me os pulmões e dilataram-se-me as narinas. Acimado sobrolho esquerdo a pele estava dura e áspera.Olhei-me … Continue reading Zero (último capítulo)

Zero (Continuação)

Vinte e três. ... cortisonae o meu anjo-da-guarda. Naquela última manhã eu estava deitado na cama, estendidode pernas abertas, os braços ao longo do corpo. Tinha acabadode acordar e pelo suor na minha testa, que eu sentia escorrer até às orelhas, deviam estar uns trinta graus. Era quase meio-dia, o quarto estava escuro,as janelas abertas … Continue reading Zero (Continuação)

Zero – Capitulo 20

Vinte. Na net ninguémdesconfia que eu sou um cão Na segunda-feira, por volta das dez horas, comeceia tratar de assuntosinadiáveis. Já tinha passado a fase crítica. Ia ser uma bela semana. O primeiro assunto tinha a ver com os meus oitenta quilos - em quinze minutospreparei e tomei o pequeno almoço;o segundo também - encomendei … Continue reading Zero – Capitulo 20

Zero – Capitulo 17

Dezassete. Só. Com os meus demónios. Nada disto era, afinal, novo para mim. Apenas assumia outra face. O que já antes me preocupara, e que eu tentei explicar numa página que antecederia esta mas que o meu bom senso acaboude rasgar, não fora a Verdade. Eu continuava a ser o menino mimado de antes, o … Continue reading Zero – Capitulo 17

Zero – Capitulo 14

Catorze. “Como Eric também se perdeu” Terá sido assim: “Deviam ser umas oito da noite e eu vinha da praia.Tinha combinado qualquer coisa com duas miúdas que conheci da parte da manhã na piscinado hotel e estava atrasado.Como uns tipos locais me tinham falado de um caminho mais curto através das montanhas, decidi arriscar.  Durante … Continue reading Zero – Capitulo 14

Zero – Capitulo 11

Onze. Quantum mutatus ab illo! O dia seguinte,à excepção das refeições, passei-o a tirar notas no diário. Isso levou-me algum tempo por causa das polaróides que acrescentei para ilustrarmelhor o estado do meu estado. Fotografias de todos os ângulos. Cronembergfotograma a fotograma. Era fantástico ver as  fotografias assim espalhadasno chão da sala. Absolutamente natural, sem … Continue reading Zero – Capitulo 11

Zero – Capitulo 8

Oito.    Eu sou eu no espelho. Sou? Nessa sexta-feiradeitei-me cedo. Era quase dia. A minha vida tinha mudado com- pletamente  para algo que desconhecia e eu tinha plena consciência disso. Desde pequeno que as mudanças,qualquer tipo de mudança, me perturbam e aquilo, para mim, aos vinte e nove anos, apresentou-se-me como uma execuçãoem lume … Continue reading Zero – Capitulo 8

Zero – Capitulo 6

Seis. O cânticodos cânticos Isabel. Mais velha do que eu quinze anos, quando eu tinha apenas vinte, foi para mimcomo uma mãe. Uma outramãe. Adorava-a como nunca adoreinada na vida. Escrevia-lhe poemas infantis que acabavam sempre da mesma forma: Não morreriapor ti mas diz-me e Morrerei contigo Hoje. Isabel foi para mim a materialização dos … Continue reading Zero – Capitulo 6

Zero – Capitulo 4

Quatro. A culpa roubando-me a paz pela calada “E a ambição,que nasce apenas de um acesso de febre e atravessa, sem se demorar, o coraçãoestreito do homem.” Keats Quando acordei era de novo dia. O Sol entrava-mepela casa à velocidade de trezentos mil quilómetros por segundodirectamente do Oriente. Era de manhãe eu tinha dormido demais. … Continue reading Zero – Capitulo 4

Zero – O Romance

Zero    Autor: Paulo AmaralAndré “Espero mudar totalmente e converter-me noutra pessoa, pois estou fartíssimo do Jorge Luís Borges.” Jorge Luís Borges Zero. Non nova, sed nove ou qualquercoisa assim “Desejei ser feliz como se não pudesse ser outra coisa.” André Gide Desculpem-me por começardesde o zero. Não é maneira de começar uma história. Supõem … Continue reading Zero – O Romance