Faz tempo que tu partistes, apenas alguns dias, mas para mim foram uma eternidade! Escrevi estas linhas apenas para mim mas decidi que seriam a última coisa que partilharia contigo. Tu entraste na minha vida como um tufão numa aldeia de casas frágeis. Desmoronaste todas as minhas barreiras e desmontaste todos os meus conceitos. Depois reconstruíste-me! Tornei-me um homem melhor. Tu completavas-me, eras a minha outra metade. Tonámo-nos num só. Como poderei esquecer a forma sensual como tu te moves, a beleza devastadora do teu sorriso ou a meiguice fatalmente encantadora do teu olhar?
Os movimentos sensuais do teu corpo, dançando o quizomba, naquela pista, prenderam os meus olhos e roubaram o meu coração. Lembras-te do vosso olhar de surpresa quando pedi ao teu par para me deixar dançar contigo? Os nossos corpos encaixaram um no outro como duas peças de um mesmo puzzle e as nossas vidas também. Durante cinco anos vivemos lado a lado, como companheiros de uma vida inseparável e interminável. Tu povoavas o meu mundo de alegria e jovialidade. Aquecias o meu coração como teu sorriso luminoso e eu satisfazia todas as tuas vontades. Dei-te tudo a começar por mim próprio. Amei-te e ainda amo com todas as minhas forças. Amei-te tanto que cometi o erro de tornar esse amor irrelevante. Agora vejo que o que condenou o nosso amor foi o excesso do amor que sentia por ti. Fazíamos tudo juntos, o problema é que fazíamos sempre aquilo que tu querias. Eu anulei-me para te fazer feliz e isso foi a causa da tua infelicidade.
Tu partiste!
Partiste, mas durante a noite eu ainda sinto o teu cheiro, sinto-o porque está impregnado em mim. Agora não enches os meus dias com gargalhadas graciosas, mas preenches os meus sonhos com uma presença que me assombra. Não pela falta de desejo em sonhar contigo, mas pela desilusão de não te ter ao meu lado quando acordo. O meu corpo sente saudade das tuas carícias e os meus lábios dos teus. Sinto falta do teu sussurro no meu ouvido, segredando coisas simples ou manifestando os teus desejos mais íntimos. Como foram belos e plenos de prazer os momentos que passamos, com os corpos enroscados, sempre que o desejo batia à porta!
Tu partiste!
Partiste como um tufão. O mesmo tufão que chegou à minha vida há cinco anos atrás. Desmoronaste o meu mundo e a sua reconstrução é tarefa para um homem só. Seria fácil condenar-te e culpar-te por partires. Seria fácil mas não seria justo. Fui eu quem abriu a porta e sem querer te empurrou para o meio da rua. Fui eu que não soube fazer-te ver o valor do meu amor. Talvez um dia o entendas, mas então será tarde demais.
Tu partiste!
Sim, tu partiste e não existe um segundo na minha vida em que não deseje que regresses, mas, por muito que me custe dizê-lo, a tua partida não tem regresso, porque te falta a arte para reconstruir aquilo que desmoronaste.
Sou um curioso numa busca permanente e contínua do sentido da vida. Sou gestor, professor universitário, formador, blogger e escritor (bom, aprendiz de escritor!)
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Para quem ama as letras é fácil escrever, porém, não é fácil manter a cabeça no lugar. Um pouquinho de cada coisa, dança, desenho, música e o principal textos. Venha me acompanhar nessa aventura.
A todas as pessoas que passaram pela minha vida; às que ficaram e às que não ficaram; às pessoas que hoje são presença, àquelas que são ausência ou apenas lembrança...