Sónia não tinha ficado completamente aliviada depois da conversa com a Lurdes. Tinha tomado a decisão de lhe perdoar e estava em paz com isso. O que ela não estava à espera era do pedido de reatamento de amizade. Não conseguia passar uma esponja sobre tudo o que se havia passado e apagá-lo da sua mente, agindo como se nada tivesse acontecido. A verdade é que mesmo sentindo que tinha legitimidade para assim pensar, tinha ficado incomodada. No momento em que tudo aconteceu a situação ficou apenas estranha, mas à medida que o tempo foi passando o estado em que Lurdes tinha ficado começou a fazer eco dentro dela, criando mossa.
«A tua reação foi normal e natural. Tu foste sincera e disseste exatamente o que te ia na alma. No momento em que estiveres em condições de voltar a aceitar a amizade dela, dir-lhe-ás. Isso só por si já é ser amiga.»
A ajuda da mãe de pouco valia. Tinha que ser Sónia a aceitar a sua própria decisão e a viver com ela. Isso não era fácil, considerando a síndrome de “consciência culpada” de que ela sofria. Demorou algum tempo até Sónia ser capaz de fazer as pazes com a sua decisão e seguir em frente, mas acabou por acontecer. A verdade é que Lurdes acabou por lhe facilitar a vida pois começou a não comparecer aos treinos. Sónia lamentou mentalmente o facto, mas não lhe atribuiu nenhum significado especial.
Tinham decorrido algumas semanas desde a conversa entre Sónia e Lurdes e a equipa tinha pela frente um jogo difícil no fim de semana que se aproximava. A não comparência de Lurdes nos treinos representava um problema, sobretudo porque esta tinha informado que não poderia comparecer ao jogo do fim de semana. O treinador falou com a equipa pois era necessário alterar a estratégia e enquadrar o perfil da substituta de Lurdes. Isso iria implicar um esforço adicional de todos.
O jogo correu muito bem e Sónia, que jogava ao lado da substituta de Lurdes, fez um jogo extraordinário, tendo compensado as falhas da nova jogadora, nos primeiros sets, de forma exímia. Com o decorrer da partida isso deixou de ser tão necessário e a vitória acabou por lhes sorrir, com esforço, mas de forma natural.
Sónia estava eufórica e entrou em casa com um ar triunfal. Já eram nove da noite e, a julgar pelo silêncio que reinava, a mãe não tinha esperado por ela para jantar e já estava recolhida. Acendeu a luz do hall e mal deu dois passos estancou com o susto.
«Surpresa!»
A mãe e o Hugo saltaram do escuro entre gargalhadas e com uma boa disposição contagiante. Era uma delícia vê-los de mão dada, perdendo-se no olhar um do outro. Sónia mal teve tempo de colocar o saco no quarto, já a mãe a estava a chamar. Trouxe consigo a roupa suja e a curiosidade. Aqueles dois estavam a tramar alguma. Hugo puxou a cadeira para ela se sentar e fez o mesmo com a da Júlia. O jantar era bife na pedra, um dos seus pratos favoritos. Não que ela fosse pessoa para comer muita carne, mas adorava o ritual. Hugo e Júlia estavam muito bem dispostos e carinhosos, mas parecia que existia algo no ar. Era como se estivesse algo por dizer ou acontecer. Já a refeição se aproximava do fim quando a mãe acendeu o rastilho.
«Temos uma coisa para te dizer…»
«Então esta encenação toda não foi para celebrar a minha vitória?» Disse Sónia, com um sorriso trocista.
Ela tinha percebido desde o princípio que a causa era outra, mas decidiu brincar com o assunto. A relação entre ela e a mãe permitia esse tipo de abordagem, para além disso, sabia que, fosse o que fosse que a mãe tinha para lhe dizer, ela nunca proporia algo que a filha não pudesse aceitar.
«Estivemos a falar, eu e o Hugo e achamos que está na altura de ele vir viver cá para casa. A casa dele apenas tem um quarto e nós não queremos viver separados de ti. No entanto, apenas faremos isso se tu estiveres de acordo.»
Sónia olhou pra a mãe e depois para o Hugo. O rosto deles refletia uma felicidade imensa, embora Hugo evidenciasse alguma ansiedade. Ele não a conhecia tão bem quanto a mãe, de outra forma não teria dúvidas sobre a sua decisão. Levantou-se, tranquilamente e foi abraçar a mãe
«Parabéns mãe. Parabéns a ambos!»
Em seguida abraçou o Hugo. Foi um abraço emotivo sobretudo para este. Ver Sónia aceitá-lo como companheiro da mãe, de forma tão sincera e sentida, foi muito importante. Quando se soltaram Sónia virou-se para ele e disse, num tom brincalhão:
«Trata de ser feliz e fazer a minha mãe feliz. Se fazes asneira quem te joga pela janela sou eu, Padrasto!»
O comentário provocou uma gargalhada geral, pois era uma velha piada. Hugo abraçou Júlia e não conteve as lágrimas. Agora fazia parte da família, de duas mulheres extraordinárias e isso fez com que desse largas à emoção.
Do outro lado da cidade o drama era diferente. Na verdade, o epicentro desse drama era fora da cidade: desenvolvia-se numa moradia da Parede. Tudo tinha começado no início da semana.
Patricia não tinha a autonomia financeira da Lurdes e, por isso, as dificuldades em pagar a heroína manifestavam-se de quando em vez.
«Não posso dar-te mais nenhuma dose. Ou trazes dinheiro ou acabou-se a mama!» Disse o patrocinador dela.
«Mas eu nunca me recusei a participar nas orgias dos fins de semana que organizas.»
«Tu não és propriamente uma estampa de mulher e os meus clientes já satisfizeram o seu fetiche por gordinhas.»
«Mas eu não tenho dinheiro!»
«Quem não tem dinheiro não tem vício!»
Patricia estava desesperada! Precisava mesmo de uma dose e estava disposta a pagar qualquer preço. Dizem que a necessidade aguça o engenho e foi isso que aconteceu. Só que era um tipo de necessidade daquelas que nos leva a vender a alma ao Diabo.
«Posso trazer uma amiga?»
«Bom nesse caso a dose seria para a tua amiga, pois acredito que, para alinhar neste jogo, também seja viciada na heroína!»
«Não te preocupes com isso.»
O patrocinador estava desconfiado e ficou alguns segundos a pensar.
«Mostra-me uma fotografia da tua amiga!»
Patricia mostrou de imediato uma fotografia da Lurdes. O patrocinador arregalou os olhos. Um mulherão daqueles iria permitir-lhe fazer muito dinheiro. Ele estava mesmo a precisar de sangue novo!
«Toma lá uma dose.»
«A Lurdes vale muito mais do que uma dose.»
«Veremos. Toma uma dose para ela. É bom que ela venha, senão vais pagar por essas doses de uma forma bem desagradável.»
Patricia sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. Estava sensível sem a droga e o tom frio do patrocinador deixava adivinhar o pior.
Patricia sabia que não podia dizer a verdade à Lurdes, mas era fundamental que lhe dissesse o suficiente para a convencer a ir passar o fim de semana à Parede. A oportunidade apresentou-se no dia a seguir. Lurdes estava mais sensível do que era costume e precisava de alguém com quem falar. Patricia era a única amiga disponível! Ao contrário do que era costume, Patricia estava meiga e carinhosa e ouviu-a com toda a atenção. Desta feita não classificou as dúvidas dela como lamechices e ouviu-a até ao fim. A verdade é que Patricia nunca pensava muito sobre com quem fazia sexo ou onde o fazia, mas apenas naquilo que ganhava com isso, para além do prazer que obtinha com o ato. Ela adorava sexo! Isso fazia com que não tivesse paciência para as dúvidas existenciais da Lurdes. Nesse dia, encheu-se de paciência, pois precisava de convencer a amiga a alinhar no fim de semana. Depois de a ouvir durante algum tempo teve uma espécie de epifania: usar a fragilidade da Lurdes como argumento para a convencer a passar o fim de semana na Parede.
«Eu tenho uma sugestão para te ajudar a esclarecer as dúvidas todas.»
«Sou toda ouvidos, minha amiga.» Disse Lurdes segurando-lhe a mão de forma carinhosa.
«Eu fui convidada para uma festa que começa no sábado ao almoço e termina domingo à tarde. Podias vir comigo e conhecer uns quantos homens e mulheres. Isso iria ajudar-te a esclarecer se és ou não homossexual.»
«Não estás à espera que me entregue a uma orgia durante o fim de semana, pois não?»
«Claro que não. Tu estás comigo e não precisas de estar com mais ninguém. No entanto, eu dou-te liberdade para estares com quem tu quiseres.»
Lurdes pensou um pouco sobre o assunto. Era óbvio que era uma festa onde as pessoas procuravam sexo, mas ela estaria protegida pelo facto de levar companhia. Talvez não fosse má ideia, assim poderia experimentar estar com mais alguém, se isso se proporcionasse. Patricia ao ver a sua indecisão disse:
«Eu quero ir a essa festa e só posso ir se tiver companhia. Tu és a única pessoa em que confio o suficiente para ir comigo.»
Lurdes ficou sensibilizada. Sentir que era útil, desejada e necessária era extremamente importante para a ajudar a lidar com o seu complexo de inferioridade, mas ainda assim manteve-se reticente. Patricia usou o seu último argumento.
«Se prometeres vir comigo hoje, ofereço-te uma dose de heroína.»
Lurdes olhou-a com expressão gulosa.
«Só se ma deres agora.»
Patricia retirou a dose da mala e balançou-a na frente dela, aguardando uma resposta. Aquela era a dose que o patrocinador tinha enviado para a amiga, por isso Patricia apenas estava a oferecer-lhe o que já era dela. A visão da droga eliminou qualquer resistência.
«Sim. Eu vou.»
Patricia ficou eufórica. Sabia que podia capitalizar a presença da Lurdes na moradia da Parede e com isso obter doses gratuitas de droga, durante algum tempo.
Lurdes não queria passar o fim de semana fora sem falar com os pais, por isso combinou com a Patricia ela ir jantar lá a casa, na quarta e falarem de um fim de semana entre atletas. Felizmente o pai já não falava com a Sónia e, por isso, nunca saberia que a filha ia faltar a um jogo, para passar o fim de semana na Parede. O jantar decorreu de forma muito agradável e os pais gostaram muito da Patricia, sobretudo a mãe. Entre as duas produziu-se uma química que as aproximou, uma da outra, apesar de ser a primeira vez que se viam.
Patricia mostrou-se uma menina bem-comportada que se dedicava aos estudos com um resultado notável. Vivia para os estudos e para o desporto. Elisa e Pedro elogiaram o comportamento que, aliás, era coincidente com o da filha. Lurdes sabia o quão falsa era a imagem que Patricia transmitia de forma tão convincente e olhava para ela boquiaberta. Ela não seria capaz de mentir assim descaradamente. A Patricia era danada!
«Então trata-se de um fim de semana só de mulheres?» Perguntou o pai.
«Sim.» Respondeu Patrícia, prontamente.
Lurdes hesitava sobre o que dizer e optou for ficar calada.
«Vocês apesar de jovens, já são adultas e vão passar um fim de semana sem homens!» Disse Pedro, com uma expressão de incredibilidade.
«Os homens estão e estarão sempre à nossa volta. Por isso, este fim de semana queremos distância deles.» Disse Patricia com ar brincalhão.
«Eu não vejo qualquer problema. O que te parece Elisa?»
«Por mim podem ir à vontade.» Disse a mulher, mais interessada em observar Patricia.
Lurdes estava extremamente nervosa. Não conseguia entender a razão porque não tinham ido juntas para a festa, mas após insistência de Patricia, acabaram por acordar encontrar-se à porta. Quando deixou o táxi foi recebida por uma espécie de porteiro, que ao saber o seu nome lhe franqueou a entrada. Aparentemente, ninguém podia estar na rua, por isso Patricia estava lá dentro à sua espera. Patricia recebeu-a com um abraço carinhoso e apresentou-lhe o dono da moradia. Foi este que a levou a conhecer os recantos da casa, fazendo-a sentir-se importante. Estavam numa moradia descomunal. A cave era uma imensa discoteca onde se podia ouvir música e onde o álcool jorrava do bar, como uma torrente interminável. A zona térrea era constituída por vários salões onde funcionavam um bar e um restaurante. Por cima existiam dois pisos onde ficavam os quartos: eram vinte ao todo. O acesso aos quartos era obtido no bengaleiro, onde era fornecida uma chave em troca do pagamento de uma quantia que variava em função do quarto e do tempo. Cada quarto estava atribuído a um jovem, maioritariamente do sexo feminino e este satisfazia os desejos dos homens ou mulheres que entrassem pela porta, podendo estes apresentar-se sozinhos ou em grupos.
O dono da casa abriu uma das portas e fê-la entrar, ao mesmo tempo que dizia:
«Este é o teu quarto.»
Era um quarto simples, sem grande decoração, mas com uma cama enorme e confortável. Para além da cama existia uma cadeira daquelas em que uma mulher se pode colocar em várias posições, todas eróticas. Ela apenas tinha visto uma em motéis!
«Como vou ter com a Patricia?»
«A Patricia já virá ter contigo. Entretanto, tenho um presente para ti.»
O homem acenou a dose de heroína na frente dela e Lurdes agarrou-a de forma ávida. Ele ficou a vê-la injetar-se e depois serviu-lhe uma bebida. Não tardou muito a sentir o efeito da droga, e do desejo a crescer dentro dela. Era algo semelhante ao que tinha experimentado quando esteve a primeira vez com a Patricia, com a diferença que, desta vez, parecia não ser dona de cem por cento das suas faculdades. O primeiro homem que entrou no quarto era bem mais velho que o pai dela e mal conseguia aguentar uma ereção. Ao princípio recusou-se a fazer sexo com ele, foi aí que entraram em ação os seguranças. Estes foram muito claros. «Ela estava ali para satisfazer quem entrasse no quarto.» Lurdes sentiu uma grande revolta, que foi gradualmente substituída pelo desejo e por um certo abandono, àquilo que considerou ser a inevitabilidade do destino. Usando as mãos, a boca e uma grande dose de paciência conseguiu fazer com que o homem ejaculasse entre berros de prazer. Isso foi algo que já não lhe acontecia fazia algum tempo. No entanto, a gratificação foi entregue ao dono da casa. A justificação era simples: queriam garantir que ninguém roubava as meninas.
Sem ter verdadeiramente consciência daquilo que estava a acontecer ela entregou-se com afinco à sua missão e satisfez os desejos dos que a visitaram, gozando, em simultâneo. Isso, associado ao facto de ser uma mulher interessante e nova na casa, fez com que ela fosse a mulher mais solicitada do fim de semana. Fez sexo, com igual entusiasmo, com homens e com mulheres durante toda a tarde e princípio da noite. Por volta das vinte e duas serviram-lhe o jantar e deixaram-na descansar durante duas horas, depois do que foi acordada.
As duas mulheres apresentaram-se vestidas de forma estranha. Tinham roupas pretas, que apenas tapavam os seios e a zonas pubianas e escondiam os rostos por detrás de máscaras. Uma delas tinha um didlo acoplado no cinto que cobria a zona pubiana e vinham ambas munidas de chicotes e de pequenas bolsas debaixo do braço direito. Lurdes sentiu um arrepio de medo percorrer-lhe a espinha. Instintivamente, encolheu-se refugiando-se junto à cabeceira da cama. As duas mulheres tranquilizaram-na. Enquanto uma delas a acariciava com umas mãos que pareciam de veludo a outra beijou-a. Lurdes entregou-se às carícias. Aquele beijo tinha um sabor a menta e a língua que a invadiu percorreu-lhe todos os recantos da boca arrancando-lhe pequenos estremeções. Lurdes sentiu-se invadir por uma onda de calor e prazer reconfortantes. A mulher que a tinha beijado na boca foi descendo, lentamente, acariciando-lhe o corpo com os lábios, com uma sabedoria inexcedível. Lurdes estremecia de prazer a cada toque e quando ela lhe segurou os mamilos entre os lábios, começou a tremer, soltando pequenos gemidos. A arte com que lhe beijou, sugou e apertou os mamilos deixou Lurdes ao rubro, de tal forma que quando os lábios lhe percorreram o abdómen e o baixo ventre este se manifestou com espasmos, enquanto as ancas rebolavam, irrequietas e em movimentos ascendentes.
Lurdes desejava loucamente que os lábios dela descessem ainda mais, mas ela inverteu o movimento, ao mesmo tempo que a outra lhe abria as pernas e fazia com que o didlo a penetrasse. Lurdes soltava gemidos de prazer cada vez mais intensos e ruidosos. Quando estava prestes as desmoronar-se elas pararam. Viraram-na ao contrário e com uma ligeireza de quem domina arte do sadomasoquismo, amarraram-lhe as mãos e as pernas em duplo V, vendaram-na, introduziram-lhe um vibrador na vagina e afastaram-se. A única coisa que ouvia eram os sussurros delas e os rizos trocistas. Ao invés de se sentir vexada aquilo excitou-a de tal forma que começou a rebolar novamente. Aquele vibrador estava a fazer um trabalho extraordinário! A primeira chicotada caiu com estrondo. Na verdade, foi dada com tanta arte que produziu mais ruido que dor. A esta seguiram-se várias outras, variando na intensidade e no local onde eram aplicadas. Apesar da dor, as primeiras chicotadas excitaram Lurdes de tal forma que quando foi sodomizada ela atingiu vários orgasmos seguidos. No entanto, o prazer das primeiras chicotadas, deveu-se mais ao estado de excitação que ao gozo que isso lhe dava: apenas sentiu dor. As duas mulheres, apesar de se aperceberem do que se estava a passar, sentiam um prazer especial nisso e continuaram a flagelá-la, tendo-a amordaçado para abafar os gritos. Quando se deram por satisfeitas entregaram-se uma à outra. Apesar disso, os seguranças ficaram em alerta e quando elas saíram veio uma enfermeira tratar de Lurdes.
Apesar de maltratada Lurdes não estava ferida. A enfermeira, depois de a soltar, aplicou-lhe uma pomada para regenerar o tecido e evitar a formação de nódoas negras. Lurdes não se apercebeu do papel da enfermeira e pensou que era mais uma mulher que tinha de satisfazer. Recebeu as massagens com uma satisfação indescritível, primeiro porque lhe aliviavam a dor, depois porque despertaram nela grande prazer. Sentir o carinho de umas mãos sedosas, depois do castigo a que estivera sujeita, levou-a ao paraíso. Estava de abdómem para baixo, pois as costas e as ancas tinham sido os locais mais maltratados. Quando a enfermeira terminou de a tratar ela estava de ancas levantadas e pernas semiabertas e o estado de excitação era visível. A enfermeira não resistiu e passou-lhe os dedos pelo clitóris. Lurdes deu um salto e soltou um gemido de prazer. Isso levou a enfermeira a repetir o gesto. Lurdes começou a saltar e a murmurar palavras sem nexo e quase inaudíveis. A enfermeira parou, com receio que ela gritasse. Nessa altura as palavras tornaram-se audíveis.
«Sim. Não pares. Vem para dentro de mim!»
A enfermeira não se fez rogada e fez escorregar dois dedos para dentro da vagina de Lurdes. Ela abriu-se para os acomodar e começou a mexer-se em movimentos, ora circulares, ora ascendentes e descendentes. A enfermeira entusiasmou-se e os cinco dedos dela acomodaram-se dentro de Lurdes, entrando e saindo em movimentos rápidos e circulares. Ela pedia mais e mais e a enfermeira aumentou a intensidade de tal forma que não tardou muito a ouvir-se a explosão de prazer de Lurdes.
Lurdes sentia-se completamente exausta, mas não conseguia deixar de ter prazer. Para a ajudar a manter-se ativa até clarear o dia, a bebida que ingeria tinha estimulantes e produtos energético. Era um cocktail diabólico, cujas consequências o corpo iria pagar nos dias seguintes. Lurdes, completamente dopada, não tinha consciência disso e, na verdade, tinha consciência de pouca coisa do que se passava à sua volta e com ela própria. Doía-lhe o corpo todo, com especial enfase para a vagina e o ânus. Fazia horas que estes não paravam de ser penetrados e apesar da lubrificação os tecidos estavam inchados e doridos. Os últimos homens com quem esteve apenas lhe provocaram dor e ela não se entregou a eles. Limitou-se a abandonar o corpo aos seus tratos e eles satisfizeram-se. Existiam gostos para tudo!
Quando eram seis da manhã caiu para o lado de exaustão e os homens deixaram de aparecer no seu quarto. Acordou às duas da tarde com Patricia ao lado dela, embora com um ar bem mais fresco. Foi esta que lhe deu uma massagem e aplicou pomadas regeneradoras no corpo, nomeadamente nos orifícios. De acordo com a própria expressão da Patricia, Lurdes estava completamente rebentada.
O buffet estava servido num dos salões e apenas restavam as meninas e os rapazes que tinham saciado os desejos dos visitantes, acompanhados de alguns clientes especiais, entres os quais se destacava um grupo do qual faziam parte as duas mulheres que tinham maltratado Lurdes. Esta não as reconheceu, mas elas sabiam bem quem ela era. Lurdes tinha grande dificuldade em andar, pois doíam-lhe todos os músculos do corpo.
Patricia estava sentada o lado de Lurdes, incapaz de pronunciar uma palavra. Lurdes castigava-a com o silêncio. Agora que começava a ter conscienciosa daquilo que verdadeiramente se tinha passado, sentia, simultaneamente, vergonha e nojo dela própria, mas, sobretudo, não conseguia olhar para a amiga. A amiga tinha-a enganado e seguramente que a tinha vendido, lucrando com a transação. Nem a amiga, nem o patrocinador tinham conhecimento de que tinha tomado consciência desse facto, que ela guardou para si própria, pelo menos até se encontrar longe daquele local.
O dono da moradia apareceu no fim da refeição e entregou um saco à Patricia e uma dose de droga à Lurdes. Ele queria manter a Patricia na mão, por isso era ela que recebia o pagamento. No entanto, não podia correr o risco de perder Lurdes, por isso presenteou-a também. A atividade dela tinha sido altamente lucrativa, pelo que tinha de arranjar forma de a ter ali noutros fins de semana, dado que existiam clientes a fazer reservas para ela e disponíveis a pagar um preço especial. Lurdes, depois de alguma hesitação, aceitou a droga com um aceno de cabeça.
«Podemos ir embora?» Disse ela, dirigindo-se a Patricia.
Patricia levantou-se sem dizer nada e foi buscar o saco dela e da amiga e levou-os para o carro. Lurdes segui-a com dificuldade e sem dizer mais nada.