CARTA DE AMOR – Amor não desejado

CARTA DE AMOR – Amor não desejado.
A carta surpreendeu-me. A mensagem deixou-me sem palavras! 

“Pedro 
A mão ainda me treme ao segurar a pena, mesmo depois de amarrotar dezena de folhas. A vontade ainda vacila na decisão de te escrever estas palavras. Não existe outra forma de te dizer o que penso e sinto a não ser: Amo-te. Apaixonei-me pela tua jovialidade, pela tua inteligência, pelos teus olhos bonitos, pelos teus cabelos castanhos, pela forma elegante como falas, caminhas ou vestes. Enfim apaixonei-me por aquilo que és. Confesso que lutei contra isso com todas as minhas forças, pois sei que nunca terás interesse numa mulher como eu. Mas apesar de tudo isso o meu coração atraiçoou-me e entregou-se todo a ti. Tentei vezes sem conta estar contigo a sós para te falar deste amor, mas as poucas vezes que isso aconteceu não tive coragem de o fazer. Vivo mortificada por este sentimento que me promete o mundo e me entrega uma mão cheia de nada. Quem dera que fosse nada! Porque este nada pesa no meu peito oprimindo-o, sufocando-o, enchendo-o de dor e sofrimento.  
Talvez te rias ao ler estas palavras. Talvez te divirtas com os teus amigos ou amigas. Isso deixou de ser importante para mim. Preciso que saibas o que sinto e que me digas o que sentes. Preciso de muito mais do que isso, mas nada te posso exigir, apenas pedir que me respondas. Enquanto escrevo sonho. Sonho que tu queres estar comigo. Conhecer-me de uma forma diferente. Sonho que nos amamos. Imagino que os nossos corpos se unem numa fusão mágica. Que os nossos lábios se acariciam e, numa viagem apaixonada, buscam o prazer nos recantos mais íntimos. Que as nossas mãos se entrelaçam e soltando-se buscam o prazer do parceiro, dando prazer em cada toque, a cada carícia, ora meigas, ora bruscas e sôfregas. 

Sonhar! Se tu soubesses como sonho e o que sonho. Sonho contigo. Sonho que és meu e eu sou tua e que na doce prisão do nosso amor somos dois seres livres e apaixonados. Sonho que passeio contigo de mão dada junto ao rio. Sonho que me abraças e me beijas com carinho e que eu me entrego a ti sem reservas nem pudor. Sonho que exibimos a nossa felicidade e que o mundo aplaude. 

Mas este sonho que é a minha vida, sem ti não passa de um sonho. O sonho é meu, mas a sua concretização é nossa. Se eu tivesse palavras para exprimir aquilo que sinto. Se eu pudesse verter nesta folha branca e em palavras singelas, a intensidade dos meus sentimentos, talvez entendesses que um amor assim tão grande não deve ser rejeitado, mas antes alimentado. Ele pode ser o berço da tua felicidade! 

A estrada da vida que a ti me conduz apresenta-se indefinida. Caminhei sozinha até aqui. Devo caminhar contigo, de mão dada, ou devo seguir só e abandonada? Só tu tens a chave deste dilema que me consome. Será doloroso ouvir da tua boca «Não» mas é bem mais penoso viver nesta indecisão.

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