O VÍRUS
O início foi auspicioso e a entrada é triunfal!
Gerado no seio de prósperos progenitores,
Como sobreveio, abruptamente, este mal?
De doutos cientistas arrecadou favores,
Ser maléfico, que pelos poros te apanha,
Mudando de estirpe se lhe apanhas a manha.
“Ninguém” respondeu Ulisses a Polifemo.
Num proferir falaz para salvar a pele.
Que diria cada um para se salvar do inferno?
Passando pelo ano sem lhe provar o fel!
Daria voltas, às voltas da roda do destino.
No enredo do ano, que foi um desatino!
Num ato oneroso e pesadas as consequências,
Eis-nos, portanto, em solitário confinamento.
Serão os políticos a salvar as aparências,
Ou é o medo que impera nesse momento?
Lágrimas amargas e um viver algo insano,
Marcam a passagem de metade do ano!
Celebra-se com entusiasmo e até com apego,
Na praia ou no campo, em grande animação!
Felizes aqueles que não perderam emprego,
E os que ao COVID-19 disseram que não!
Canta-se o hino, festejando-se de palma ao peito,
Aparta-se a praga que teima prender-nos ao leito.
O outono desceu à Vila e a esperança morreu.
Ganha a primeira batalha, encara-se a guerra…
Tragédia e dor foi o que no país cresceu.
A pandemia cavalga, de novo, sobre a terra!
Na escuridão do inverno, brilha a luz da vacina,
A vitória sobre o vírus: quem a vaticina?
Vivemos de esperança, num esperar dormente…
Confinados? Alguns, outros nem tanto!
Alarmados? Sim, afinal nem só o político mente:
Os contaminados, não respeitam o confinamento.
A revolta e angústia num desassossego intemporal,
É preciso muito mais civismo para vencer este mal!