O QUADRO

Ao princípio ainda pensou recusar o convite, mas acabou por ceder perante a insistência de Pedro Gonçalves. Apesar de se terem conhecido profissionalmente, depois de ela o ter ajudado a desmontar a burla que os sócios se preparavam para lhe fazer, ele tinha feito dela sua sócia e passou a convidá-la para um conjunto variado de eventos. A festa do fim de semana, era mais um desses eventos. Beatriz era uma detetive de sucesso e financeiramente estava numa situação extraordinária, pois tinha sabido aplicar muito bem o bónus que recebeu quando abandonou a GFK e os dividendos que esta lhe tinha pago, relativamente aos últimos dois anos.

Apesar disso, começava a sentir uma intranquilidade que a mortificava. Estava cansada de estar sozinha! Os amigos, de ambos os sexos, não conseguiam perceber,  por que não tinha uma legião de pretendentes, mas a verdade é que não tinha. Vivia demasiado ocupada a trabalhar ou a ajudar os amigos e nunca tinha tempo para saídas ou para se divertir. Tinha uma personalidade forte e era uma mulher independente, em todos os aspetos. Isso fazia com que uma boa parte dos homens que conhecia se sentissem intimidados pela sua presença. Apesar de nunca falar sobre o seu considerável património, bastava o conhecimento sobre a natureza da sua profissão e o rendimento que isso lhe proporcionava, para que os homens se eclipsassem. Manuel fora o único que não tinha metido o rabo entre as pernas e desaparecido, mas, a verdade, é que também não tinha tomado iniciativa nenhuma. Ela sentia uma grande atração e admiração por ele e ele dava a entender que partilhava desse sentimento, mas nenhum dos dois parecia capaz de desfazer o impasse. Ele era uma presença assídua nas saídas do seu grupo de amigos. Ela nem sempre se juntava a eles, mas, quando o fazia, sentia que tinha de lidar com o Manuel como se tivessem acabado de se conhecer. Isso tornava difícil qualquer avanço.

Beatriz vestiu-se de forma simples. Colocou umas calças de tecido, cor de salmão e uns sapatos de salto alto a condizer. A camisa branca fazia realçar o seu rosto moreno e o casaco meio longo e a mala completavam a indumentária. Os brincos e o colar davam um toque de classe ao conjunto. Quando se olhou ao espelho chegou a pensar que estava demasiado bem vestida. No entanto, mal passou a soleira da casa do Pedro, percebeu que estava mal vestida. As mulheres trajavam vestidos de noite, longos e escuros e estavam carregadas de joias. Os homens, aprumavam-se dentro dos seus fatos, desfilando pelo pátio interior e pelo salão, com elegância e distinção. Sentiu-se desenquadrada e perdida. Só lhe apeteceu dar meia volta e desaparecer. Foi nessa altura que Pedro a segurou pelo cotovelo, de forma delicada e lhe segredou.

«Não te preocupes. Tu és a mulher mais elegante da festa. Elas podem vestir o que quiserem que não te chegam aos calcanhares.»

Beatriz sorriu com indulgência. Pedro tinha percebido o seu embaraço e acorrera a salvá-la.

«Aposto que não é essa a opinião da maioria das pessoas que está nesta festa!»

«Quem se importa com o que eles pensam? O que interessa é a forma como tu te vês e te sentes. Não achas que és a mulher mais elegante?»

Beatriz sorriu mais uma vez. Pedro sabia sempre dar-lhe a volta. Era a voz da experiência…

«Sim. Sou a mulher mais elegante da festa.» Disse ela, com entusiasmo, brincando com o seu ego.

«É esse o espírito. Vem comigo que quero apresentar-te uma pessoa.»

A mulher de Pedro juntou-se a eles e colocaram-se cada um de seu lado, conduzindo-a através do salão.

«Vamos apresentar-te um homem. Lembra-te de que não se trata de um bicho estranho, mas de um homem. Nós achamos que vocês fazem o par ideal.» Disse Pedro, brincando com a forma como ela classificava os homens.

«Deixa que te apresente o meu primo Manuel.» Disse a esposa, tocando no cotovelo de um jovem alto, que conversava animadamente com um grupo de amigos e cuja silhueta lhe era familiar.

Quando ele se voltou ficaram a olhar um para o outro calados, depois, sem que tivessem pronunciado uma palavra, explodiram numa gargalhada monumental.

«Olá Beatriz.» Disse ele, quando conseguiu parar de rir.

«Olá Manuel.» Disse ela, com o riso meio dominado.

Pedro e a mulher perceberam que eles já se conheciam e ficaram parados, a olhar para eles, como quem aguarda uma explicação. Manuel e Beatriz deixaram o suspense pairar no ar, durante alguns instantes, depois ele disse.

«Já nos conhecemos faz algum tempo. Podem ir cuidar dos vossos convidados que nós ficamos bem.»

Manuel apresentou-a ao grupo de amigos e ela fez sucesso de imediato. Todos conheciam a história da forma como ela salvara o negócio de Pedro e quando souberam que ela era detetive privado, ainda se interessaram mais por ela. Quando o grupo se desfez e eles ficaram sozinhos, ele não se conteve.

«Já te conheço há alguns meses, mas não fazia ideia que tu tinhas trabalhado na empresa do marido da minha prima.» Disse, num tom que parecia de despeito.

«Se não fosse tão difícil falar contigo, talvez soubéssemos um pouco mais um do outro.»

«Olha quem fala. Tu raramente apareces e quando o fazes é preciso meter um requerimento para conseguir a tua atenção. Pareces a abelha rainha com toda a gente a fervilhar à tua volta.»

Beatriz não tinha a noção de que era essa a imagem que passava e ficou a olhar para ele, sem saber o que responder. Talvez o problema fosse ela mesma e não os outros. Será que ela se tornava inacessível às pessoas? Manuel, quando viu o ar sério dela, arrependeu-se do que tinha dito, mas já não havia nada a fazer.

«É interessante. Não fazia ideia que era essa a imagem que passava para os outros. Talvez tenhamos os dois que mudar um pouco, se quisermos conhecer-nos melhor. Eu confesso que gostaria disso.» Disse ela, com simplicidade, sorrindo para ele.

O coração de Manuel parecia que ia sair-lhe pela boca. Afinal ela também tinha, por ele, algum tipo de interesse. Ficou atrapalhado e sem palavras, por alguns instantes, mas apressou-se a corrigir a situação antes que ela interpretasse o seu silêncio como uma rejeição ou mesmo uma indecisão.

«Concordo. Eu quero, mesmo muito, conhecer-te melhor.»

Manuel era um jovem tímido. Apesar disso, tinha tido a sua dose de namoradas e até já tinha vivido com uma pessoa durante três anos. As coisas não tinham funcionado, mas ele tinha aprendido muito sobre relacionamentos, sobretudo porque os últimos dois anos tinham sido passados em consultas de aconselhamento matrimonial, que, apesar da ajuda que lhes proporcionou, não foram capazes de salvar a relação. Nessa noite, eles abriram o livro da vida e deram-se a ler um ao outro. Já a aurora despontava quando Manuel a deixou em casa, com um pedido espontâneo e humorado de namoro, que foi prontamente aceite.

O toque do telefone arrancou-a do sono, depois de uma insistência cruel. Levantou-se, entre resmungos e olhou o relógio. Era meio dia e ela nem seis horas tinha dormido. Isso, acrescido do facto de ter feito uma noitada, fazia com que estivesse mal humorada. Passou água pelo rosto e foi até ao hall ver quem se atrevia a ligar-lhe tão cedo. Era a Luisa.

«Luisa, tu não tens um calendário em casa? Hoje é sábado!»

«Eu sei muito bem que é sábado, mas tens um caso urgente que requer a tua atenção imediata.»

«Já te disse várias vezes que não trabalho ao fim de semana. Para além disso, não me recordo de ter aceite nenhum caso novo, que fosse urgente.»

«Fui eu que aceitei o caso e trata-se da minha irmã.»

Beatriz ficou um momento em silêncio, digerindo a informação.

«O que se passa com a tua irmã?»

«É melhor vires até minha casa. É mais sensato falarmos pessoalmente do que ao telefone.»

O sentido de urgência da voz de Luisa e o mistério da afirmação deixaram-na preocupada, pelo que, uma hora depois, estava a bater-lhe à porta, tendo ingerido o pequeno almoço à pressa.

A história de Fátima era rebuscada, mas a súmula era mais comum do que se poderia pensar: um divórcio onde um tenta levar a vantagem sobre o outro. Fátima tinha sido casada durante muitos anos e aparentemente uma mulher feliz. Dessa união, tinham nascido três filhos, que já eram adultos e fazia algum tempo que tinham ganho asas, voando para longe do ninho. Fátima tinha sido professora universitária, com um doutoramento em Harvard e várias especializações, mas fazia algum tempo que se havia reformado. Luís Girão era um homem de negócios, licenciado em engenharia, que recentemente se vira a braços com a justiça. O resultado foi feio: tinha visto todos os seus bens serem arrestados. Fátima descendia de uma família com um património significativo, por isso, haviam casado com separação de bens. Isso tinha deixado o seu património a salvo. Uma coisa levou a outra e a relação não resistiu, tendo eles acordado separarem-se, há aproximadamente seis meses.

Fátima tinha saído da casa onde viviam, que era alugada e paga por ambos, tendo o aluguer ficado apenas em nome do ex-marido. Era nessa casa onde estavam uma boa parte dos bens arrestados e cujo fiel depositário era o próprio Luís, uma situação bizarra, que acabou por trazer a Fátima alguns dissabores. No fim de semana passado, ela tinha ido lá a casa buscar o resto dos seus pertences: coisas insignificantes, mas com valor estimativo. Apesar da insistência dela, em que ele estivesse presente, Luís disse que não se queria cruzar com ela, por isso, se queria ir buscar as coisas teria que ir no fim de semana, altura em que ele se ausentaria para Troia, para casa de um amigo. Embora contrariada, Fátima aceitou a situação e, na posse da chave e do código do alarme, que ele criou para a circunstância, deslocou-se à moradia e retirou de lá tudo o que era seu.

Na sexta feira anterior, os especialistas em arte tinham estado a avaliar o quadro de Monet e garantiram a sua autenticidade. Na quarta feira seguinte, os peritos do tribunal foram a casa do Luís fazer vistoria aos bens que estavam arrestados, para proceder ao seu levantamento e depósito em cofre e descobriram que o Monet, que estava pendurado na parede do escritório, era falso. O quadro estava avaliado, para efeitos de seguro, pela Sotheby’s, no valor de 50 milhões de euros, pelo que o seu desaparecimento gerou uma grande confusão. As câmaras, que eram acionadas quando o alarme era ligado, demonstravam que o quadro estava pendurado na parede quando Luís saiu, na sexta feira ao fim do dia, juntamente com os peritos. Como estas apenas tinham sido desligadas no domingo, quando Fátima foi buscar as suas coisas, era legítimo assumir que o quadro tinha sido trocado nessa ocasião. Isso fazia de Fátima a suspeita pelo roubo do verdadeiro Monet. Fátima tinha contratado os melhores advogados e especialistas em arte para a ajudar, pois alegava a sua inocência. No entanto, os factos falavam contra ela. Foi nessa altura que Luisa, a irmã, se lembrou de Beatriz. Depois de a colocar a par dos acontecimentos, Luisa levou Beatriz até Fátima, que estava acompanhada do advogado e do especialista em arte.

O especialista em arte olhou para ela com desdém, mostrando claramente que ela não era bem vinda à equipa. O advogado também estava cético sobre a ajuda que ela poderia dar, mas estava disponível para lhe dar o benefício da dúvida. Isso apenas foi possível devido a uma coincidência: este pertencia ao mesmo escritório que dava apoio à GFK e sabia aquilo que ela tinha feito pelo Pedro Guimarães. Ela estava acostumada a sentir a hostilidade das pessoas, em relação ao seu trabalho, mas ser rejeitada daquela forma deixou-a irritada. Isso ainda lhe deu mais vontade de lhes mostrar aquilo de que era capaz, mas tal apenas seria possível se fizesse parte da equipa, o que lhe garantia o acesso a toda a informação. Respirou fundo e controlou-se.  Fátima a foi a única que a acolheu calorosamente, pedindo-lhe que a tratasse sem cerimónias.

«A minha irmã diz que, se existir algo que possa ser descoberto, tu és a pessoa ideal para isso. Sabe Deus que eu estou a precisar de um milagre!»

«Vou fazer os possíveis, mas, para tal vamos ter de reconstituir os teus passos, desde que entraste na casa até ao momento em que a abandonaste.»

«Vamos a isso, estes senhores também devem querer a mesma coisa.» Disse ela, apontando os dois homens.

Depois de ela fazer uma descrição generalizada de todos os factos, o especialista em arte ficou satisfeito e o advogado quis saber a que horas ela tinha desligado o alarme e voltado a ligá-lo. Beatriz estudava os papéis, que lhe tinham sido entregues, de forma aparentemente displicente, deixando que os outros satisfizessem a sua curiosidade.

«Entrei na casa no domingo às 15:05 e saí de lá às 19:25.» Disse Fátima.

Perante o silêncio de toda a gente, Beatriz adiantou-se uns passos e sentou-se em frente a Fátima. Os restantes ficaram logo em alerta, curiosos em relação ao que ela poderia ter para dizer. Apesar do nervosismo que a consumia, ela aparentava uma calma impressionante.

«A Fátima indicou uma hora de entrada e de saída ligeiramente diferentes daquelas que constam no relatório da empresa de segurança, relativamente ao desarme e armação do alarme. Tem a certeza que entrou e saiu do edifício às horas indicadas?»

«Sim, tenho. Eu sei isso, porque vi as horas antes de entrar e depois de sair e tomei nota das mesmas.»

«Isso significa que, entre o momento em que viu as horas, à entrada e o momento em que desligou o alarme, podem ter decorrido dois minutos?»

«Sim, podem.»

«Isso é impossível! Este alarme está programado para disparar 30 segundos depois de acionado.» Disse o especialista em arte, com um ar vitorioso.

«Tem razão. Mas aquilo que o senhor não está a tomar em consideração é que o alarme apenas é acionado quando a porta é aberta e esta deixa de fazer contato com o respetivo aro. Entretanto, a D. Fátima viu as horas, tirou as chaves da mala, abriu a porta e desarmou o alarme. Parece-me que dois minutos é um espaço de tempo adequado para tudo isso.» Disse Beatriz, com um sorriso irónico.

O homem engoliu em seco e mordeu o lábio inferior. No entanto, apesar de vencido, não deu o braço a torcer, mas ficou calado.

«A hora que a Fátima indicou para a saída é um minuto e meio depois da hora em que o alarme foi armado. Pode descrever o que fez, depois de armar o alarme?» Perguntou Beatriz

«Encostei a porta, retirei a chave da mala, fechei a porta e retirei o telemóvel da mala para ver as horas.»

«Estamos de acordo que é um tempo razoável para realizar as tarefas indicadas?» Perguntou Beatriz, dirigindo-se para os restantes.

Todos concordaram com um aceno de cabeça.

«Em todo o caso, seria útil obtermos duas informações: as cassetes de gravação e a hora que marca o relógio deles. A primeira, para podermos ver o que se passou entre sexta feira e domingo, a segunda, para podermos identificar possíveis diferenças para a hora do telemóvel.» Disse Beatriz, virando-se para o advogado.

Após um breve interregno ela retomou as perguntas.

«Foste sozinha ou levou alguém contigo?» Perguntou Beatriz

«Fui sozinha.»

«Nesse caso, tiveste de fazer mais do que uma viagem entre o carro e a casa, para levar os teus pertences. Confirmas?»

«Sim. Tive de fazer cinco viagens.»

«Nessas saídas temporárias, demoraste quanto tempo, em média?»

«O carro estava a cinco minutos da porta, por isso, considerando o tempo que levei a arrumar as coisas no carro, devo ter demorado 15 minutos de cada vez.»

«O alarme esteve sempre desligado durante essas ausências. Confirmas?»

«Sim.»

«É possível que alguém tivesse entrado em casa nesses períodos?»

«Se entrou não foi pela parte da frente, pois essa era visível do carro.»

Ali não havia muito mais a fazer, pelo que a equipa desmobilizou. Luisa veio acompanhar Beatriz até à porta, pois ficaria um pouco mais com a irmã. A conversa das duas foi interrompida pela chegada da irmã.

«Confesso que estava cética em relação à tua atuação, mas depois da reunião de hoje acho que és tu quem me vai salvar.» Disse Fátima, sem rodeios.

«Obrigado pelo voto de confiança, mas não quero que cries muitas expetativas. O que te posso garantir é que farei o meu melhor.» Respondeu Beatriz.

O resto do fim de semana foi para descansar e namorar, tendo ido jantar com o Manuel, nesse dia. No domingo, foram passear, aproveitando os primeiros dias de primavera, que se apresentavam quentes para a época. Foram até às praias da Costa de Caparica. Percorreram várias, até decidirem ficar na Praia da Morena. Pegaram nas toalhas e foram até às dunas, aproveitar o sol. Depois, deliciaram-se com um almoço na esplanada do Borda d’Água. Nos dias que se seguiram, Beatriz foi atropelada pelo trabalho, dado estar envolvida em vários casos, em simultâneo. Manuel também teve muito trabalho, tendo saído todos os dias muito tarde. Apenas na quarta feira arranjaram tempo para irem jantar. Eles queriam muito estar juntos e o facto de não o poderem fazer, sempre que desejavam, fazia com que dessem mais valor aos encontros, em que se dedicavam em exclusivo um ao outro. Nesses momentos eram envolvidos por um sentimento caloroso. Era o amor que pairava no ar.

Na sexta ela não aguentou ficar mais tempo naquele estado de ignorância e ligou para Fátima. Precisava de saber quando iriam receber a informação que o advogado ficara de solicitar à empresa de segurança. Para seu espanto, o advogado tinha recebido e distribuído a informação na quarta feira, mas ninguém se tinha dignado a enviar-lha. Fátima ficou irritada com o facto e convocou uma reunião para essa tarde. Aquilo que disse ao advogado e ao especialista de arte foi tão desagradável quanto claro: Beatriz não podia, em qualquer circunstância, ser mantida na ignorância. Toda a informação deveria ser partilhada com ela, no momento em que tomassem conhecimento desta. No fim, ela quis saber a que conclusões tinham chegado, depois de analisar a informação obtida. Quer o advogado, quer o especialista em arte, foram obrigados a concluir que não tinham descoberto nada. Beatriz pediu para ver a informação. O relógio não levantava dúvidas: a hora era a oficial. As filmagens também pareciam não dar qualquer pista sobre a substituição do quadro.

«A empresa de Segurança deu alguma justificação para a interrupção do filme durante três minutos?» Perguntou Beatriz.

«Não. Três minutos também não é muito tempo. Ninguém conseguia entrar e sair da casa tão rapidamente.» Disse o advogado.

«Tem razão. Mas conseguia entrar no quarto e substituir o quadro.»

«Isso é impossível! O alarme não foi desligado. Como poderia alguém entrar em casa?» Disse o especialista.

«É uma boa questão. Quem sabe se a solução para o mistério não está na resposta a essa pergunta.»

«Isso são meras especulações.» Voltou o especialista.

Entretanto, Beatriz olhava, intrigada, para as imagens visualizando repetidamente o filme, nos minutos imediatamente antes e, depois da interrupção. Ligou o computador ao ecrã da televisão, que era enormíssimo e passou o filme outra vez.

«Eureka!» Gritou ela perante o espanto de todos.

Usando o telefone, ela fotografou o último instante da filmagem, antes da interrupção e o primeiro instante, depois desta. Em seguida, colocou as imagens, uma ao lado da outra e projetou-as na televisão. O resto da equipa olhava para ela de olhos abertos, admirados com os seus conhecimentos tecnológicos e sem perceber nada do que e passava. Depois, virou-se para todos e desafiou-os.

«Identifiquem as diferenças!»

Durante uns bons dez minutos todos olharam para a televisão, mas não conseguiram encontrar nenhuma diferença. Pareciam bois a olhar para um palácio. Quando todos se renderam ela disse.

«Existem duas diferenças entre as imagens, que me levam a concluir que o quadro foi mudado durante a interrupção do vídeo.»

 Agora sim. Ela tinha conseguido a atenção total e incondicional de todos. Depois de uma pausa teatral, ela continuou.

«O quadro, na primeira imagem, está pendurado em perfeita esquadria em relação à parede. Enquanto, na segunda imagem, está desalinhado. É uma diferença pequena, mas percetível.»

Depois de ela ter chamado à atenção para o facto, este tronou-se perfeitamente óbvio. No entanto, o especialista ainda argumentou.

«O quadro pode ter-se desalinhado sozinho.»

«Não é impossível, mas é altamente improvável, dado que, de acordo com a fotografia do tardoz, este está pendurado com um cabo de aço. Este tipo de sistema mantém os quadros alinhados mesmo durante pequenos tremores de terra.»

«Qual é a segunda diferença?» Perguntou Fátima.

«Reparem bem nas molduras. Elas são feitas de madeira. Os veios das ripas de baixo do quadro, da primeira imagem, são diferentes dos da segunda imagem. Estamos definitivamente a falar de quadros distintos.»

«Não entendo. As ripas de madeira têm todas o mesmo tipo de veio.» Disse especialista em arte.

«Pois têm. Quem produziu a falsificação teve esse cuidado, mas quem fez a moldura cometeu o erro de inverter a posição da ripa de baixo, que em vez de ter sido colocada com os veios inclinados da esquerda para a direita, foi colocada com os veios inclinados da direita para a esquerda.»

«Impressionante!» Disse o especialista, totalmente rendido.

«Parabéns!» Disse o advogado.

«O que fazemos com esta informação?» Perguntou Fátima.

Perante o silêncio geral, Beatriz voltou a tomar a palavra.

«Perante esta informação, temos de assumir que se verificou uma das seguintes possibilidades: existe alguma forma de entrar na casa, que não está ligada ao alarme ou o alarme foi armado deixando uma zona aberta. Em qualquer dos casos, o alarme apenas foi armado para o perímetro exterior, permitindo a livre circulação dentro de casa.»

«Como vemos isso?» Perguntou o advogado.

Beatriz já não o ouviu, pois estava concentrada a analisar a documentação que a empresa de segurança tinha enviado. Após alguma pesquisa, ela descobriu que apenas tinha sido armado o perímetro exterior, mas que não tinha ficado nenhuma zona aberta. Isso significava que existia forma de entrar em casa por um local não ligado ao alarme. Como não podiam ir perguntar isso ao Luis Girão, ficaram num beco sem saída.

«Se tivéssemos um mandado podíamos entrar lá em casa e inspecioná-la.» Disse Fátima.

«Ninguém nos vai dar um mandado para isso.» Disse o advogado.

«Existem duas alternativas. A primeira é convencer a polícia, com os factos que temos, que pode ter entrado lá em casa outra pessoa, para além de ti e procedido ao roubo do quadro. Isso iria colocá-los em campo, para descobrir se existe ou não uma entrada não ligada ao alarme. A segunda é obter as plantas da casa, mas isso só funciona se não tiver havido obras, depois da construção inicial e se tal entrada tiver ficado registada nas plantas.» Disse Beatriz.

Perante inexistência de melhor alternativa, foi sugerido que Beatriz fosse à Câmara Municipal de Cascais, obter as plantas. Ela discordou da sugestão, pois achava que era uma ação condenada ao insucesso. O município apenas fornece esse tipo de elementos ao proprietário.

«Qual é a tua relação com o senhorio do teu ex-marido?» Perguntou Beatriz?

«Melhor do que a do meu João. Perdão… é a força do hábito.»

Fátima teve uma conversa com o senhorio e este prometeu receber Beatriz na segunda feira.

Quando chegou ao escritório, Luisa já sabia das novidades. A irmã tinha feito os maiores elogios a Beatriz e disse que estava tão satisfeita com o trabalho dela, que a recomendaria a todas as suas amigas. Ela tinha feito um trabalho extraordinário! Na verdade, tinha sido ela a fazer todo o trabalho, embora, a avaliar pelo valor dos honorários, isso não fosse óbvio. Depois de fazerem um ponto de situação dos casos e elaborarem os respetivos relatórios, encerraram o expediente. Tinha sido uma excelente semana e isso iria refletir-se nas receitas.

«Esta semana vamos faturar 30 mil euros!» Disse Luísa.

«Ainda bem que a tua remuneração é uma percentagem das receitas!» Disse Beatriz, com ar divertido.

«O dinheiro não me interessa. A minha maior compensação é ver-te realizada a ajudar pessoas e com isso ganhar um bom dinheiro.»

Já a caminho de casa sentiu uma vontade enorme de ligar ao Manuel. Apesar disso, não o fez, pois sabia que ele iria estar em reuniões a tarde toda e só deveria ficar despachado lá para as oito da noite. Enviou-lhe uma mensagem a convidá-lo para ir jantar em casa dela. Ele não tardou em aceitar o convite. Quando chegou a casa vestiu algo mais ligeiro e sensual, depois foi tratar do jantar. Manuel chegou quando passava um pouco das oito e trinta e trazia uma garrafa de vinho, numa mão e, na outra, um ramo de antúrios: a sua flor preferida. Cumprimentaram-se com um beijo suave nos lábios, mas quando recebeu as flores, ela retribuiu-lhe com um beijo intenso e molhado, que o deixou em ponto de rebuçado. Quando foram para a mesa, ele colocou no copo dela a dose adequada de vinho e ela ficou a olhar para ele, com um olhar interrogador.

«Eu não posso beber vinho, estou a tomar uns comprimidos.»

«Mas, está tudo bem?»

«Sim, não te preocupes.»

O resto da noite foi passada em ambiente romântico. O filme que decidiram ver era de amor, o que criou o ambiente adequado. Beijaram-se e acariciaram-se, mas Manuel acabava sempre por colocar um travão, quando as coisas ficavam mais quentes e por volta das duas foi-se embora. Ela tinha imaginado uma noite a dois e ficou bastante desiludida. No sábado, a cena repetiu-se e ela começou a ficar desconfortável com o comportamento dele. No domingo, não resistiu e abordou o tema de forma aberta. Manuel acabou por confessar, de forma um tanto ou quanto forçada e com um semblante envergonhado, que havia contraído uma doença venérea e que só podia ter relações dentro de um mês, isto se, entretanto, o médico não o mantivesse em abstinência por mais tempo.

Era novamente segunda feira!

O senhorio era um viúvo, de certa idade e com um interesse especial por mulheres jovens. Disse a Beatriz tudo o que ela precisava de ouvir, para além de lhe ter dado uma cópia das plantas. A casa não tinha nenhuma cave, para além da utilizada como garagem, que tinha comunicação interna com a casa. No entanto, a garagem também tinha alarme, pelo que a entrada por aí estava excluída. Beatriz teve que alegar um compromisso, para se libertar do senhor, o que conseguiu já a manhã ia adiantada. Tinha combinado um almoço com a Fátima, por isso, não tinha muito tempo para confirmar uma dúvida que lhe tinha surgido, ao analisar as plantas, comparando-as com tudo o que o senhorio disse. Passou pela casa do ex-marido de Fátima e, embora à distância, fez a reportagem fotográfica. Antes de abandonar o local, falou com o vizinho do lado e obteve as imagens da câmara, que este tinha no quintal, referentes ao período em que a câmara da casa do ex-marido de Fátima não efetuou gravações, majorado de cinco minutos. Agora sim, tinha todas as informações de que necessitava! Enviou as fotografias e a planta para a Luisa e algumas indicações e comentários. Com isso ela produziria um relatório que deveria trazer com ela para a reunião que teria lugar ao início da tarde.

Apesar do pouco contacto que tinha com a Beatriz, Fátima tinha aprendido a respeitá-la, mas, mais do que isso, tinha aprendido a gostar dela. Para o facto tinha contribuído, em muito, tudo o que a irmã lhe ia contando sobre a jovem. Luísa tinha com ela uma relação quase de maternidade e isso influenciava a forma como Fátima olhava para Beatriz. Era por essa razão que a tinha convidado para almoçar: queria conhecê-la melhor. Beatriz, quando percebeu o cariz do almoço, ficou surpreendida, mas encantada. Era bom ser estimada. Falou sobre a sua vida, a sua família e os seus amigos e Fátima também se abriu com ela. Surpreendentemente, não falaram de trabalho. No entanto, no fim do almoço, Beatriz não resistiu a perguntar.

«Não queres saber tudo o que descobri? Está em causa não apenas potencial perda de todo o teu património, mas, também, vários anos de cadeia.»

«Depois de te ver atuar e de tudo o que a minha irmã me disse sobre ti, deixei de ter dúvidas sobre o desfecho desta investigação.»

«Confiar cegamente em alguém nunca é uma boa ideia.» Retorquiu Beatriz.

«Não se trata de confiar cegamente, mas apenas de confiar. Na minha idade, quando se acredita numa determinada pessoa e nas suas capacidades, aprendemos que o melhor é deixá-la fazer o seu trabalho e mostrar a nossa apreciação de uma forma afetiva.»

«Mas não tens curiosidade em saber o que descobri?»

«Claro que tenho, mas posso esperar mais uma ou duas horas para a satisfazer. A paciência é uma virtude. Para além disso, gosto de ver a cara de espanto do resto da equipa quando toma conhecimento das tuas descobertas e sentir, em simultâneo, a mesma surpresa. Diverte-me, de forma especial, ver as tentativas vãs em desmontar os teus argumentos. Tu vales mais do eles todos juntos, mas sobre isso falaremos mais tarde.»

«Não digas isso. Olha que eu não conseguiria fazer o trabalho deles, apesar de me empenhar em fazer o meu bem feito.»

«A humildade é outra das caraterísticas que aprecio em ti. Fazes o teu trabalho bem feito, mas reconheces as tuas limitações, ao contrário de tantos outros.»

Entretanto, foram interrompidas pela chegada da Luisa. Fátima tinha deixado indicação para ela ser conduzida à sala, ao contrário dos restantes, que seriam levados para o escritório. Beatriz pegou no relatório, deu-lhe uma vista de olhos e estendeu-o a Fátima. Esta, depois de uma ligeira hesitação, pegou nele e leu-o. Um sorriso inundou-lhe o rosto. Sem dizer uma palavra, abraçou Beatriz e, depois, entregou-lhe o relatório.  A empregada anunciou que os restantes já estavam no escritório e elas dirigiram-se para lá.

«Boa tarde.» Disse Beatriz, ao mesmo tempo que distribuía cópias do relatório a todos os presentes.

Seguiu-se um momento de silêncio, que foi interrompido pelo especialista de arte.

«Em que se fundamenta a sua alegação de que o ex-marido da D. Fátima entrou pela janela que não está ligada ao alarme?»

«O relatório não diz isso. O que o relatório diz, é que existe uma janela, que não faz parte da construção inicial e que não está ligada ao alarme. Isso, associado a tudo o que já sabemos, permite-nos inferir de que, quem roubou o Monet entrou por aí. Quanto ao ex-marido da D. Fátima, a única coisa que se diz é que ele pode muito bem ter sido o ladrão ou o mandante, pois teria muito a ganhar com o facto.»

«É a mesma coisa. Este relatório incrimina o Dr. Luis Girão e eu não posso subescrever tal coisa.»

«Você não tem nada que subscrever, porque este relatório é meu e você não contribuiu em nada para as descobertas que constam deste. O seu único contributo, foi tentar bloquear o progresso da investigação. Será que o senhor trabalha para a D Fátima ou para o Dr. Luis Girão?»

«Eu não lhe admito…»

«Quem não admite sou eu. Você fica desde já informado, perante testemunhas, que se algum dos factos descobertos nesta investigação for do conhecimento do meu ex-marido, será responsabilizado por tal.» Disse Fátima, num tom gelado.

O especialista ficou branco como a cal. A culpa estava refletida no seu rosto, de forma tão óbvia, que se tornava inegável. O advogado lançou-lhe um olhar cortante e disse:

«O melhor é confessar tudo. Talvez possamos resolver as coisas a bem.»

Ele acabou por confessar que tinha sido abordado por um representante do ex-marido da D. Fátima, no sentido de lhes fornecer informações sobre a investigação. Inicialmente ele recusou, mas foi confrontado com umas imagens suas com práticas sadomasoquistas. Isso obrigou-o a ceder, para evitar a publicação destas. No entanto, a única coisa que ele lhes tinha dito era que estavam à espera dos resultados da investigação da detetive.

«Está a referir-se a estas imagens?» Perguntou Fátima, mostrando um vídeo no telemóvel.

Ele levou as mãos à cabeça e gritou.

«Não! Preso por ter cão e preso por não ter!»

«Para além disso, eu sei meia dúzia de coisas que você pensa que ninguém sabe, sobre o seu comportamento na empresa onde trabalha!» Disse Fátima.

O homem estava aterrorizado. Incapaz de se aguentar de pé, sentou-se na cadeira e chorou copiosamente, com o rosto entre as mãos. Ela deixou-o chorar durante algum tempo e, depois disse.

«Você escolhe o seu caminho. No entanto, o que eu proponho é que se vá embora já. Quando chegar a casa, liga para a pessoa que o contactou e diz que está doente e que não pode comparecer à reunião que vai ter lugar hoje aqui. Se fizer isso eu vou esquecer o que sei sobre si.»

Ele ficou pensativo. O silêncio que reinava no escritório era tão denso que se podia cortar à faca. Beatriz ao ver a indecisão dele adiantou-se.

«Antes de nos dar a sua resposta preciso de ver o seu telemóvel.»

«Mas isso é invasão da minha privacidade!»

«É pegar ou largar!» Disse Fátima.

Beatriz recebeu o telemóvel desbloqueado e retirou-se para um canto, voltando dez minutos depois. Enquanto isso, todos aguardaram em silêncio.

«Então, qual é a sua resposta?» Perguntou Fátima.

«Aceito a sugestão da D. Fátima.» Disse o especialista em arte.

Depois disso, partiu e os restantes esperaram que ele saísse. Fátima ia começar a falar, mas Beatriz levantou a mão e impôs-lhe silêncio. Sem pronunciar uma palavra, colocou o dedo indicador sobre os lábios e dirigiu-se para a sua maleta. Depois, tirou lá de dentro um aparelho e passou o escritório a pente fino. Existiam duas escutas: uma escondida entre os livros da estante e a outra colada por debaixo da secretária.  Removidas as escutas ela dirigiu o olhar para Fátima dando-lhe indicação de que podia falar.

«Parece que temos um problema maior do que eu pensava.»

«Não se preocupe com as escutas nem com o especialista em arte.» Disse Beatriz com tranquilidade.

«Nesse caso apenas falta definir quais são os próximos passos.»

«Eu não sei. Deixo isso para a nossa detetive, que já provou ter capacidade para ser a líder da investigação.» Disse o advogado.

«O próximo passo será entregar as provas todas à polícia, o que deve ser feito pelo advogado. Mas, antes disso, queria falar com um amigo meu da judiciária. Já marquei com ele na quarta feira. Por isso, sugiro que até lá não façamos nada.»

Fátima olhou para ela sem perceber nada. A informação que tinham era importantíssima e isso implicava que tinham de agir rapidamente. Por quê adiar para quarta feira? Beatriz percebeu a perplexidade e piscou-lhe o olho discretamente. Os lábios de Fátima coloriram-se com um sorriso quase impercetível. Aquela rapariga era o diabo! Quando ficaram as duas sozinhas, Beatriz agarrou no telefone e ligou para o amigo da judiciária. O encontro ficou marcado para daí a uma hora e Fátima iria com ela. Quando iam a caminho Fátima não resistiu.

«Tu também desconfias do advogado?»

«Desconfio de todos. Ele foi muito rápido a obrigar o outro a confessar.»

«Se o advogado der com a língua nos dentes nunca vamos ficar a saber que foi ele.»

«Eu coloquei uma escuta no telemóvel do especialista. Vou saber tudo o que ele disser. Claro que vou ter de arranjar forma de a remover. Portanto, se o advogado der com a língua nos dentes e o especialista não, nós vamos ficar a saber. No entanto, eu penso que eles vão aguardar pela entrega formal dos documentos à polícia, para agir.»

«Bem pensado. Eu não queria ser tua adversária!»

Perante as provas apresentadas a judiciária assumiu o caso e foram a casa do Luis Girão, munidos de um mandado de busca. Depois de analisarem a pequena janela, que ficava nas traseiras da casa e dava para a zona de serviço, verificaram que, para além de não estar ligada ao alarme, a janela tinha um mecanismo elétrico que possibilitava a sua abertura, do exterior, com um comando. A perícia permitiu identificar vestígios de fibras, de um polo de Luis, o que provava que ele tinha passado pela janela, recentemente. Para disfarçar o objetivo da visita tinham revirado a casa toda e saíram dizendo que não tinham encontrado nada de relevante. Luís Girão despediu-se deles com um sorriso de triunfo nos lábios. Depois de o seguirem, conseguiram identificar um armazém onde ele guardava algumas coisas de valor, entre as quais estava o Monet. O assunto tinha ficado resolvido na sexta feira e tudo devido ao esforço e perspicácia da detetive. Fátima pagou-lhe principescamente, com dinheiro e com amizade.

Beatriz, entretanto, tinha-se dedicado a outros casos e, quando a semana chegou ao fim, estava tão cansada, que só lhe apetecia ir para casa e deitar a cabeça no colo do Manuel. Ele ligou, já quase ao fim da tarde. Tinha surgido um imprevisto: teria de ir para Nova York e só regressaria dentro de dez dias. Beatriz ficou triste e desiludida, mas não podia fazer nada, eram ossos do ofício.

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